EUA e Israel estão buscando países para receber população de Gaza, diz Netanyahu

Premiê israelense se reuniu com Trump na Casa Branca para debater o acordo de cessar-fogo em Gaza. Ele também anunciou ter recomendado o presidente dos EUA para receber o Prêmio Nobel da Paz. Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (à esquerda), entrega carta a presidente dos EUA, Donald Trump, com indicação para Trump receber Nobel da Paz, durante jantar na Casa Branca, em 7 de julho de 2025.
Kevin Lamarque/ Reuters
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse neste segunda-feira (7) que seu governo e de Donald Trump, dos EUA, estão buscando países que concordem em receber palestinos que vivem atualmente na Faixa de Gaza e seriam deslocados.
Netanyahu fez o anúncio durante reunião desta segunda com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca. Na ocasião, Trump disse que há "ótima cooperação" por parte de países no Oriente Médio procurados por EUA e Israel, mas não especificou se algum deles havia aceitado a proposta.
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Esta não foi a primeira vez que ambos os líderes falaram sobre a ideia de deslocamento os mais de 2 milhões de moradores de Gaza. Desde Israel que voltou a atacar a Faixa de Gaza, Netanyahu vem mencionando planos de ocupar o território palestino.
No primeiro encontro os dois líderes desde a nova gestão do presidente dos EUA, em fevereiro, Trump afirmou também que os EUA pretendiam assumir o controle da Faixa de Gaza após o fim da guerra entre Israel e o Hamas. E disse que queria, inclusive, construir uma "riviera do Oriente Médio", com um complexo de resorts, no território.
Depois, em maio, Netanyahu também afirmou que pretende dominar toda a Faixa de Gaza.
A reunião desta segunda foi a terceira visita de Netanyahu a Washington desde que Trump voltou à presidência, em janeiro.
O principal tema do encontro, que ainda ocorria até a última atualização desta reportagem, foi um possível acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, com a libertação de reféns. Mas o programa nuclear do Irã também esteve na pauta, e Trump pode ser questionado ainda sobre a publicação que fez mais cedo em defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (leia mais abaixo).
Veja, abaixo, o que mais esperar do encontro:
Terroristas do Hamas aceitam proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA
Gaza
Ao lado de Netanyahu, Trump diz que os EUA vão 'assumir' a Faixa de Gaza
O encontro entre Trump e Netanyahu ocorre em um momento de suposto avanço para um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Na semana passada, o presidente norte-americano disse que o governo israelense havia concordo com um cessar-fogo nos termos propostos pelos EUA, um dos mediadores das negociações que os dois lados travam.
Dias depois, o Hamas afirmou ter aceitado o mesmo acordo, que, entre outros pontos, propõe a trégua nos ataques israelenses e a troca de prisioneiros palestinos pelos reféns ainda sob poder do grupo terrorista. O texto também prevê a retirada parcial de tropas israelenses de Gaza e discussões sobre o fim definitivo da guerra.
Nenhum avanço foi feito desde então, mas uma fonte de governo israelense disse à agência Reuters que o clima nas negociações que representantes dos dois lados travam em Doha, no Catar, é postivo. Trump também disse que há boas chances de um acordo ser fechado nesta semana.
Irã
Antes de viajar a Washington, Netanyahu afirmou que também vai aproveitar o encontro para agradecer a Trump pelos ataques dos EUA contra instalações nucleares no Irã, realizados no mês passado. Os bombardeios resultaram em um cessar-fogo entre Israel e Irã, após 12 dias de guerra.
Trump disse que irá discutir com Netanyahu questões ligadas ao programa nuclear do Irã. Na sexta-feira (4), ele afirmou acreditar que os bombardeios dos EUA e de Israel danificaram as instalações iranianas de enriquecimento de urânio, mas admitiu que Teerã pode tentar retomar o programa.
Além disso, o presidente americano quer que o governo iraniano volte a negociar com os EUA um acordo para impedir o desenvolvimento de uma bomba atômica.
'Lobby' político para Netanyahu
Donald Trump e Benjamin Netanyahu
REUTERS/Leah Millis
Avi Dichter, ministro israelense e integrante do gabinete de segurança de Netanyahu, disse esperar que o encontro com Trump também aborde a possibilidade de normalizar relações com Líbano, Síria e Arábia Saudita.
"Acho que vai se concentrar, antes de mais nada, em um termo que usamos muito, mas que agora tem significado real: um novo Oriente Médio", disse ele à emissora pública israelense Kan nesta segunda-feira.
Para Trump, manter Netanyahu fortalecido em Israel essencial para avançar nessas negociações regionais e manter a influência dos EUA no Oriente Médio. Ele tem demonstrado forte apoio ao premiê israelense, a ponto de se envolver na política interna de Israel.
No fim de junho, Trump usou as redes sociais para criticar os promotores responsáveis pelo julgamento de corrupção contra Netanyahu, que é acusado suborno, fraude e abuso de confiança. O premiê nega as denúncias.
Trump argumentou na semana passada que o processo contra Netanyahu poderia atrapalhar a capacidade do aliado de negociar com o Hamas e o Irã.
Bolsonaro
Trump defende Bolsonaro nas redes sociais
O encontro de Trump com Netanyahu — no qual os dois falarão à imprensa antes e depois de uma reunião a portas fechadas — também será a primeira vez em que o presidente norte-americano falará após publicar uma postagem em defesa do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro.
Há expectativa de que repórterese questionem o republicano sobre a fala, em que ele afirma que Bolsonaro é alvo de perseguição e pedem para que o deixem em paz.
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