Supertelescópio divulga imagens do universo com resolução recorde



Os primeiros registros mostram imagens da região de M49, no aglomerado de Virgem, localizado a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra, e da dupla de nebulosas Trífida e Lagoa, na galáxia onde está localizada a Terra.
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O LSST é um megaprojeto astronômico liderado pelos Estados Unidos que vai tirar milhões de fotos de alta definição do céu. O projeto começou a ser idealizado na década de 1990, mas apenas em 2015 a construção do observatório começou de fato.
As imagens divulgadas nesta segunda são uma prévia do trabalho que será feito ao longo dos próximos dez anos. O Observatório Vera Rubin vai mapear todo o céu do Hemisfério Sul com uma precisão sem precedentes.
“É uma mudança de paradigma no jeito que a gente faz a ciência, e não só do ponto de vista da astronomia, mas da física e até da ciência de computação, porque nós vamos ter esse desafio de processar essa enorme quantidade de dados que vai ficar disponível para nós nesse período. É como se estivesse digitalizando o céu. É isso que nós vamos fazer”, explica o diretor do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), Luiz Nicolaci.
A quantidade de dados coletados pelo Observatório Rubin somente no primeiro ano de funcionamento será maior do que a coletada por todos os outros observatórios ópticos juntos.
Segundo Nicolaci, para se ter ideia, o último levantamento que foi feito também com o objetivo de estudar a energia escura contava com 400 milhões de objetos. “Agora nós vamos ter 40 bilhões de objetos”.
Objetos são estrelas, planetas, asteroides, entre outros. Os dados poderão ajudar cientistas a desvendar desde a natureza da matéria escura até os mistérios da origem do universo.
Participação brasileira
O Brasil faz parte do grupo de países que sediam centros com acesso direto aos dados produzidos pelo projeto. O LIneA, criado em 2006, é o responsável pela instalação, no país, do Centro Independente de Acesso a Dados (IDAC, na sigla em inglês), estrutura responsável por processar, analisar e distribuir dados do supertelescópio. São ao todo dez centros distribuídos entre América, Ásia, Europa e Oceania.
Pelo acordo firmado com os Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos, o LIneA se comprometeu a operar uma estrutura capaz de: armazenar pelo menos 5 petabytes de dados; manter um banco de dados com capacidade de 500 terabytes para uso simultâneo de 50 usuários; e desenvolver softwares de alta performance para análise científica em tempo real. Em troca, 120 pesquisadores brasileiros poderão acessar os dados e estudá-los.
“O papel do Brasil é que a quantidade de dados é tão grande que vai ser impossível você distribuir esses dados para os pesquisadores individuais ou mesmo para os institutos em que esses pesquisadores trabalham. Então, todo o trabalho vai ser feito acessando esses dados em centros de acesso”, diz Nicolaci.
O LIneA está envolvido no projeto desde 2006. Recentemente, recebeu R$ 7 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Agora, de acordo com o diretor, busca recursos para o pagamento da equipe, são R$ 5 milhões por ano para pagar um pessoal extremamente especializado.
“Nós estamos indo uma profundidade cinco vezes maior do que o que já foi feito e além disso nós estamos observando objetos 15 vezes mais fracos. Então, a densidade de objetos que você observa é incomparável com qualquer coisa que a gente tinha obtido na Terra anteriormente. É realmente uma mudança de patamar da quantidade de dados e informações que a gente vai ter”, ressalta.
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