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Brasil,25/06/2025

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Parlamento do Irã aprova suspensão da cooperação com agência de supervisão nuclear da ONU após ataques de Israel e EUA

g1.globo.com
Parlamento do Irã aprova suspensão da cooperação com agência de supervisão nuclear da ONU após ataques de Israel e EUA


Aprovação ocorreu no dia seguinte ao cessar-fogo no conflito direto entre Israel e Irã, após 12 dias de troca de ataques aéreos. Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) inspeciona programas nucleares pelo mundo e pediu para retomar avaliações nas instalações iranianas. Uma imagem de satélite mostra caminhões posicionados perto da entrada da instalação de enriquecimento de combustível de Fordow, próxima a Qom, Irã, em 19 de junho de 2025
Maxar Technologies/Divulgação via REUTERS
O Parlamento iraniano aprovou nesta quarta-feira (25) a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de supervisão nuclear da ONU, um dia após a entrada em vigor do cessar-fogo proposto pelo presidente americano Donald Trump. O Irã foi alvo de uma série de ataques israelenses e americanos contra suas centrais nucleares nos últimos doze dias.
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“A AIEA, que se recusou a condenar, nem que fosse minimamente, o ataque às instalações nucleares iranianas, comprometeu sua credibilidade internacional. (...) A Organização Iraniana de Energia Atômica suspenderá sua cooperação com a AIEA enquanto a segurança das instalações nucleares não for garantida”, declarou o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, após a votação dos deputados a favor da suspensão da cooperação com a agência.
A suspensão da cooperação com a AIEA, que inspeciona programas nucleares ao redor do mundo, foi aprovada com ampla maioria no Parlamento iraniano, com 221 votos a favor do total de 290 cadeiras. Um legislador se absteve, e não houve nenhum voto contra, segundo a TV estatal iraniana. Até a última atualização desta reportagem, o governo iraniano ainda não havia divulgado quando a suspensão entraria em vigor.
Ao mesmo tempo, o chefe da AIEA, Rafael Grossi, afirmou nesta quarta-feira que a "prioridade número 1" da agência é garantir o retorno de seus inspetores às instalações nucleares do Irã para avaliar o impacto dos ataques militares americanos e israelenses, além de verificar os estoques de urânio enriquecido do país.
O Irã acusa a AIEA e Grossi de ser politicamente enviesada para Israel em meio aos ataques às instalações nucleares do país ocorridos nos 12 dias de conflito direto. Os locais mais atingidos foram Natanz, Isfahan e Fordow.
Segundo a TV estatal iraniana, a resolução do Parlamento diz que os inspetores da AIEA não terão permissão para entrar no Irã a menos que a segurança das instalações nucleares e das atividades nucleares do país estejam garantidas, e estará sujeita à aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano. Um dos legisladores também pediu ao Conselho o banimento de Grossi no país, mas não teve seu pedido acolhido até o momento.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a suspensão da cooperação iraniana é uma consequência direta do que classificou como "ataque não provocado" ao Irã, e criticou a AIEA por não fazer mais contra os ataques a instalações nucleares. Segundo Peskov, a agência da ONU sofreu sérios danos à sua reputação.
A suspensão da cooperação com a AIEA ocorre dias após um assessor do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, ter ameaçado o chefe da agência da ONU, Rafael Grossi, dizendo que "acertaria as contas" com ele quando o conflito direto contra Israel acabasse.
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Trump insiste que instalações nucleares do Irã foram destruídas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu nesta quarta-feira (25) que os ataques americanos "destruíram totalmente" as capacidades nucleares do Irã, mesmo após a divulgação de um documento do serviço de Inteligência americano que questionou a eficácia dos ataques.
Segundo o relatório confidencial da Defense Intelligence Agency (Agência de Inteligência de Defesa, em português) do Exército americano, que vazou para a imprensa nesta terça-feira (24), “o programa nuclear iraniano teria sido, na melhor das hipóteses, atrasado por alguns meses” após os ataques de domingo passado a três principais locais nucleares. Segundo o documento, os danos seriam bem menores do que os anunciados pelo governo americano.
O relatório revelou que apenas as partes superiores das centrais nucleares de Fordow e Natanz teriam sido destruídas pelas bombas americanas e mísseis israelenses.
Os ataques teriam obstruído as entradas de algumas instalações sem afetar os edifícios subterrâneos. De acordo com o documento, as principais centrífugas também continuam intactas, e os 400 quilos de urânio altamente enriquecido, que supostamente estavam nos locais visados, continuam desaparecidos. Eles teriam sido deslocados antes dos ataques.
Ataque dos EUA deve atrasar plano nuclear iraniano
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou a autenticidade do relatório, mas declarou que ele era “totalmente equivocado”. O vazamento da informação, disse, “é uma tentativa evidente de diminuir o presidente Trump e os pilotos corajosos que executaram perfeitamente sua missão de destruir o programa nuclear iraniano”, escreveu no X. 
No entanto, essas informações, se forem confirmadas, contradizem completamente as declarações do presidente americano. Dois dias antes da publicação do relatório, ele anunciou que as instalações nucleares haviam sido completamente destruídas, informação que ele reiterou nesta quarta-feira.
 
Falta de transparência
Nesta terça-feira, membros da CIA e generais deveriam apresentar elementos confidenciais sobre os ataques ao Senado e à Câmara. Elas acabaram sendo canceladas, oficialmente por indisponibilidade de alguns responsáveis. 
A situação provocou indignação entre os parlamentares. Hakeem Jeffries, líder dos democratas na Câmara dos Representantes, disse que nenhum elemento foi apresentado ao povo americano ou ao Congresso para confirmar que o programa nuclear do Irã foi “completamente e totalmente destruído”. 
A falta de transparência sobre a operação "Midnight Hammer" ("Martelo da meia-noite", em português) levou Trump a reagir em sua rede social, Truth Social. “Todos que dizem que as bombas não destruíram tudo, querem apenas minar o sucesso do presidente.”
Nesta terça-feira, o governo iraniano anunciou que "tomou as medidas necessárias" para garantir a continuidade de seu programa nuclear. Um conselheiro do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, afirmou que o país ainda possui estoques de urânio enriquecido e que “a partida não terminou”. 
Já o Exército israelense estimou na terça-feira ser "cedo demais" para avaliar os danos causados ao programa nuclear iraniano.
“Ainda é cedo para avaliar os resultados da operação. Acredito que demos um golpe duro ao programa nuclear, e também posso dizer que o atrasamos por vários anos”, declarou o porta-voz do Exército israelense, Effie Defrin, em coletiva de imprensa.
Cessar-fogo
O cessar-fogo negociado pelo presidente americano Donald Trump entre Irã e Israel continua em vigor nesta quarta-feira. O emissário de Donald Trump, Steve Witkoff, declarou nesta terça-feira à noite que as discussões entre os Estados Unidos e o Irã eram “promissoras” e que Washington esperava um acordo de paz de longo prazo. 
“Já estamos conversando, não apenas diretamente, mas também por meio de intermediários. Acho que essas conversas são promissoras. Esperamos poder concluir um acordo de paz de longo prazo”, disse ele em entrevista à Fox News. “Cabe agora a nós sentarmos com os iranianos e chegarmos a um acordo de paz abrangente, e estou convencido de que conseguiremos”, acrescentou Steve Witkoff. 
O conflito entre Israel e Irã começou na sexta-feira, 13 de junho, após uma série de bombardeios israelenses que tinham por objetivo destruir o programa nuclear iraniano. Os ataques israelenses causaram centenas de mortes no Irã, e os mísseis disparados pelo Irã em retaliação causaram 28 mortes em Israel.




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