Agências cobram em média R$ 1,6 mil para trilha onde morreu Juliana Marins; clientes relatam subida pesada e escorregadia

Relatos de turistas alertam para terreno íngreme, além da necessidade de preparo físico. Empresas pedem carta de aptidão um exame médico no local; saiba como são as ofertas online e os relatos de turistas. Quem foi Juliana Marins, brasileira morta na Indonésia
A trilha até o cume do vulcão Rinjani, onde a brasileira Juliana Marins foi encontrada morta após quatro dias perdida, é ofertada por agências de viagem locais pelo preço médio de R$ 1.600.
Elas cobram para levar visitantes em uma caminhada considerada difícil pelos clientes, que pode durar entre dois e quatro dias até o segundo vulcão mais alto do país.
Segundo relatos de turistas na plataforma de viagens TripAdvisor, a inclinação e o terreno arenoso estão entre as principais dificuldades para escalar o cume da montanha, com mais de 3,7 mil metros de altitude.
"Fiz a trilha em um total de 15 horas, mas estava em 100% da minha preparação", relata Lucas Ramos, de Santa Catarina no TripAdvisor.
Em uma caminhada de pedras soltas, solo pouco firme e subidas bastante íngremes, as temperaturas no cume do Monte Rinjani podem ser muito baixas, chegando perto de 0ºC. Segundo o governo da Indonésia, as trilhas do vulcão registraram 180 acidentes e 8 mortes em cinco anos.
De acordo com relatos de turistas que estavam com Juliana Marins, a jovem fez todo o caminho até o topo do monte.
A brasileira contratou uma agência (cujo nome ainda não foi divulgado) e um guia turístico para fazer o passeio mas, segundo o relato da irmã em entrevista ao Fantástico, foi deixada para trás na volta, após ficar cansada.
'Guia não ficou com ela', diz irmã de Juliana Marins
Brasileiro relembra abandono de guia em trilha na Indonésia em 2024: 'Crianças locais nos acompanharam'
A reportagem do g1 consultou quatro agências de turismo locais que oferecem o passeio. Os custos geralmente incluem refeições, guia e equipamentos como barraca e saco de dormir. Veja abaixo:
Lombok Vulcano Trekking: oferece pelo menos três passeios ao Monte Rinjani com duração de dois a quatro dias. A opção mais barata sai por $140 (o equivalente a R$ 774) e a mais cara por $260 (o equivalente a R$1.439).
Hajar Trekking: considera uma das maiores agências da Indonésia, oferece seis tipos de passeios para o vulcão. O maior deles, que dura quatro dias e três noites, garante trekking nas bordas da cratera, escalada no cume, banho no lago e acesso às fontes termais, custando pouco mais de R$ 1.800 por pessoa.
Syam Trekker: oferece passeios privados para iniciantes, que chegam a custar de $380 a $500 (R$2.107 a R$ 2.772) incluindo refeições, taxas de entrada, equipamento e traslados.
Jou Trekking: O pacote mais popular é o de 3 dias e 2 noites até o cume e lago do Rinjani, com preço a partir de US$ 200 (aproximadamente R$1081.53 ), incluindo equipamentos de camping, refeições, guia de montanha e carregadores.
Algumas regras e regulamentos foram adicionados pelas agências em 2025:
É obrigatório levar um recipiente para comida e água, normalmente oferecidos pelo guia turístico. Embalagens descartáveis não são mais permitidas.
Os trilheiros devem apresentar uma carta que comprove aptidão para realizar a trilha. Caso contrário, será necessário passar por um exame médico.
Desde 2024, é permitido levar, no máximo, 220 trilheiros na montanha.
Relatos de trilheiros
De acordo com relatos de viajantes, subir o monte Rinjani é um desafio físico que exige preparação. Com caminhadas que podem durar mais de 10 horas por dia, é necessário investir em preparo físico antes da viagem. Quem já fez o percurso lembra que a beleza compensa o esforço, mas o corpo sente: noites mal dormidas, frio intenso e subidas puxadas fazem parte do roteiro.
Em fóruns de viajantes, muitos usuários são assertivos em descrever as belezas do lugar, além da possibilidade de mergulhar na cultura local.
"A experiência de trekking no Monte Rinjani não só leva você por paisagens deslumbrantes, mas também permite que você mergulhe na rica herança cultural do povo Sasak", diz um deles. Os Sasak são originários da ilha de Lombok e vivem na região há muitos séculos.
"O último trecho antes do cume é desprotegido. Os ventos eram fortes. O solo solto dificultava o progresso. Depois de um tempo, o que me manteve firme foi o fato de ninguém desistir. 'Se eles conseguem, você também consegue.' A subida, o nascer do sol e a vista eram de tirar o fôlego", conta outro.
Agências de turismo da região, como a Hajar Trekking, também lembram das dificuldades que podem existir, principalmente para quem não tem muita experiência em escaladas.
"Rinjani não é uma montanha muito alta, mas a trilha em alguns trechos é bastante desafiadora, especialmente se você quiser escalar o cume. É aconselhável ter treinamento físico e mental ou, pelo menos, ter alguma experiência em caminhadas ou trekking. O mal da altitude pode ocorrer, sendo os sintomas mais comuns dor de cabeça, vômitos e dor de estômago", informa um dos agentes ao g1.
Infográfico mostra como foi queda de brasileira morta em vulcão na Indonésia
Arte g1
COMENTÁRIOS