Organizações sociais propõem plano para investimentos na Amazônia



O documento - denominado Ampliando o Financiamento de Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro de Ação - além de propor uma arquitetura para criar fluxos de financiamento climático para a Amazônia, também visa consolidar ações que viabilizem o desenvolvimento da economia verde na região e o fortalecimento da capacidade de implementar ações sustentáveis no bioma.
Notícias relacionadas:
- Parceria entre pesquisadores e comunidades protege mangues na Amazônia.
- Fundo Amazônia bate recorde ao destinar mais de R$ 1 bilhão em 2025.
- Em ano de COP30, evento em Belém debate restauração da Amazônia.
“A gente vê que essas propostas em favor da Amazônia podem ser construídas dentro do High Level Climate Champions Office [órgão que articula governos, investidores e voluntários no âmbito da convenção do clima], para que a gente possa levar o tema da Amazônia de uma forma com maior visibilidade e com mais interação com outros setores produtivos, como setor privado e setor financeiro.”, explica.
>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp
Recursos
Segundo Gustavo, o tema financiamento climático da maior floresta tropical do mundo ganhou destaque a partir da informação fornecida pelo Banco Mundial de que, apesar de a Amazônia injetar anualmente na economia pelo menos US$ 317 bilhões - os investimentos para que o bioma permaneça existindo somaram apenas US$ 5,81 bilhões entre 2013 e 2022. A estimativa da instituição financeira é de que o mínimo necessário para manter esse ecossistema saudável é de US$ 7 bilhões.
O valor seria capaz de evitar que o bioma chegue ao chamado ponto de não retorno, limiar em que os cientistas apontam a conversão de áreas da Amazônia em savana, a modificação drástica do regime de chuvas e extinção de espécies, decorrentes da mudança do clima.
De acordo com Gustavo Souza, o Banco Mundial também trouxe dados que demostram a destinação de apenas 3% desses investimentos para soluções baseadas na natureza para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e 11% para adaptação das infraestruturas locais.
Combate ao desmatamento
“A gente não chegou nem a 10% dos recursos necessários para evitar o tipping point [ponto de não retorno] da Amazônia e combater o desmatamento. Então, esse é o panorama de fundo da carta. Mirando em algumas soluções inovadoras, ambiciosas, a gente consegue endereçar parte dessa lacuna de financiamento para a Amazônia”, explica.
Entre as sugestões de soluções estão o redirecionamento de subsídios de cadeias produtivas de alta emissão para uma economia verde, a rastreabilidade produtiva por meio de tecnologias como o uso de imagem de satélite e promoção do pagamento por serviços ambientais, além do combate à economia ilegal transnacional como tráfico de animais, bens e especulação imobiliária com apropriação de terras públicas.
Um dos instrumentos de destaque para viabilizar as ações é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF na sigla em inglês), que projeta a captação anual de doações de US$ 5 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões deverão ser destinados à floresta Amazônica, enumera Gustavo. “Isso é quatro vezes mais do que todo o fluxo financeiro anual que a gente teve nos últimos 10 anos”, reforça.
Mudanças climáticas
A partir dessas iniciativas, a proposta é que seja construída uma Declaração Global pela Amazônia, para que os países que integram a Convenção do Clima assumam o compromisso de contribuir para que o bioma continue sendo uma frente importante no enfrentamento às mudanças climáticas.
Para o diretor executivo da organização não governamental Rainforest Trust, James Deustch, é fundamental fortalecer os guardiões da floresta, que são os povos indígenas e as comunidades locais, pelo papel que desempenham na preservação de toda a vida na terra.
“A primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político para que a Amazônia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e capturar carbono com segurança”, finaliza.
COMENTÁRIOS