Brigado com Trump, Musk anuncia criação de 'Partido da América' e diz que 'não será difícil' rivalizar com republicanos e democratas

Anúncio ocorre após aprovação pelo Congresso dos EUA de megapacote tributário e orçamentário de Trump, criticado por Elon Musk. Bilionário se colocou de vez como adversário político declarado do ex-aliado Trump e mira eleições legislativas em 2026. Bilionário Elon Musk é visto com o olho roxo durante coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca, em 30 de maio de 2025.
REUTERS/Nathan Howard
O bilionário Elon Musk anunciou no sábado (5) a criação de um novo partido político, chamado "Partido da América", e disse que "não será difícil" rivalizar com os partidos Republicano e Democrata. Com isso, o bilionário se coloca de vez como adversário político do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Dono da SpaceX, Tesla e da rede social X, Musk afirmou que os EUA "não são uma democracia" e se baseou em uma enquete realizada com seus seguidores no X na sexta-feira (4), Dia da Independência americana, para criar o partido. Ele sugeriu que o cidadão dos EUA "seja independente" do atual sistema político do país, dominado por uma dualidade entre o Partido Republicano e o Partido Democrata —que Musk chama de "partido único".
"Com uma margem de 2 para 1 [na enquete], vocês querem um novo partido político, e vocês terão! Quando se trata de levar nosso país à falência com desperdício e corrupção, vivemos sob um sistema de partido único, não em uma democracia. Hoje, o Partido América é formado para devolver sua liberdade", afirmou Musk em publicação no X direcionada ao povo americano.
O anúncio ocorreu após aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos de megapacote tributário e orçamentário de Trump, criticado por Elon Musk, e é mais um episódio de escalada da briga entre o bilionário e o presidente republicano. Antes aliados políticos, os dois romperam a aliança no final de maio após a saída de Musk do governo.
O movimento de Musk já deve mirar as eleições legislativas e estaduais de 2026, chamadas de "midterms", em que 33 assentos do Senado e todos os 435 assentos da Câmara dos Deputados estarão em disputa, além do governo de 36 estados e outros cargos das esferas judicial e legislativa a nível estadual.
Trump não se pronunciou sobre o anúncio de Musk até a última atualização desta reportagem. Da última vez que se referiu ao ex-aliado, o presidente republicano ameaçou cortar bilhões de dólares em subsídios federais das empresas do bilionário e deixou em aberto a possibilidade de o deportar dos EUA.
Musk não deu mais detalhes sobre quando o partido será oficialmente lançado até a última atualização desta reportagem. No entanto, ele pediu sugestões de como fazer o lançamento e disse que "será muito divertido".
O bilionário sul-africano ainda deu uma prévia de como pretende abordar a política com seu novo partido, utilizando "força extremamente concentrada em um ponto preciso do campo de batalha", e fez referência ao general grego Epaminondas, do Exército de Tebas, que impôs derrotas a Esparta no século IV.
"Uma forma de colocar isso em prática seria focar com precisão cirúrgica em apenas 2 ou 3 cadeiras no Senado e de 8 a 10 distritos da Câmara. Dadas as margens legislativas extremamente apertadas, isso já seria suficiente para exercer o voto decisivo em leis polêmicas, garantindo que elas realmente reflitam a vontade do povo", afirmou Musk.
Musk já havia ameaçado criar o "Partido da América" no início da discussão do megapacote de Trump no Congresso, e disse que gastaria dinheiro para tirar do cargo os parlamentares que apoiassem o projeto de lei.
O primeiro sinal de insatisfação entre investidores após o anúncio de Musk veio ainda no sábado. A gestora Azoria Partners adiou o lançamento de um fundo ligado à Tesla, e o CEO da Azoria, James Fishback, pediu que o bilionário esclareça suas ambições políticas e disse que o novo partido abala a confiança dos acionistas de que ele estaria focado em suas empresas, como prometeu após deixar o cargo no governo americano.
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